Hoje um amigo meu que vai à manifestação do Terreiro do Paço, que ele diz que hoje será do Povo, mandou-me um abraço desejando bom fim-de-semana. Retribuo
o abraço com muito carinho, desejo um bom fim-de-semana a todos, mesmo e
sobretudo aos que vão à manif. onde não estarei! Não por fidelidade a qualquer
partido (só sou intransigentemente fiel aos meus princípios e valores, à minha
família e amigos e...ao Sporting eheheh, jamais a um qualquer partido ou
ideologia). Não vou simplesmente por convicção! Os tempos são duros, a
insatisfação é grande e é tempo de indignação, sim. Mas é ainda tempo de
reflexão, de discussão, de procura de soluções e alternativas aos modelos e,
por isso, ainda de resistência e firmeza. Não é chegado o tempo da revolta. Não
é o momento. Não é o momento, quando apenas se sabe o que não se quer e não se
faz a mínima ideia, não do que se quer - isso todos sabemos -, mas de como
conseguir o que se quer. Não gosto de anarquias, não acredito em autogestões,
não quero o poder na rua, recuso a vertigem da revolta pela revolta, da
insurreição pela insurreição. Não traz alternativas válidas, não traz soluções,
é gratuito e, para mim, perigoso. É o terreno preferido do fantasma do
totalitarismo, e ele espreita. Demasiado fácil arregimentar e controlar as
massas dominadas pelo medo do futuro, acossadas pelo ódio e pela revolta a quem
se serve uma esperança espúria. Em casa onde não há pão todos ralham, ninguém
tem razão, diz o povo que é sábio, e bem. Ralhar não é a solução. É preciso
encontrar soluções para ter pão. Se as que nos propõem não servem, então que se
procurem, que se indiquem outras. Mas, se não há (parece-me que não há, porque ainda
não ouvi outra ... ouvi apenas aquilo que acham que é preciso fazer, mas isso é
fácil, isso não é a solução, dizer que se deve apostar é no crescimento é de La
Palice, o até o governo concorda, o que é preciso é dizer COMO e COM QUE
DINHEIRO, onde o vão buscar) se não há, dizia, então é preciso, primeiro,
assegurar o pão ainda que duro e simultaneamente procurar com urgência as soluções
que teimam em não aparecer, de nada serve ralhar e incendiar…ou aliás, serve,
mas apenas, a meu ver, a interesses que não são os nossos. Alguém anda a
brincar com um fogo que não conhece e o que me preocupa não e que se queime, é
que nos queime a todos. Espero muito, desejo muito, quero mesmo, não ter razão.
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