sábado, setembro 29, 2012

Hoje um amigo meu que vai à manifestação do Terreiro do Paço, que ele diz que hoje será do Povo, mandou-me um abraço desejando bom fim-de-semana. Retribuo o abraço com muito carinho, desejo um bom fim-de-semana a todos, mesmo e sobretudo aos que vão à manif. onde não estarei! Não por fidelidade a qualquer partido (só sou intransigentemente fiel aos meus princípios e valores, à minha família e amigos e...ao Sporting eheheh, jamais a um qualquer partido ou ideologia). Não vou simplesmente por convicção! Os tempos são duros, a insatisfação é grande e é tempo de indignação, sim. Mas é ainda tempo de reflexão, de discussão, de procura de soluções e alternativas aos modelos e, por isso, ainda de resistência e firmeza. Não é chegado o tempo da revolta. Não é o momento. Não é o momento, quando apenas se sabe o que não se quer e não se faz a mínima ideia, não do que se quer - isso todos sabemos -, mas de como conseguir o que se quer. Não gosto de anarquias, não acredito em autogestões, não quero o poder na rua, recuso a vertigem da revolta pela revolta, da insurreição pela insurreição. Não traz alternativas válidas, não traz soluções, é gratuito e, para mim, perigoso. É o terreno preferido do fantasma do totalitarismo, e ele espreita. Demasiado fácil arregimentar e controlar as massas dominadas pelo medo do futuro, acossadas pelo ódio e pela revolta a quem se serve uma esperança espúria. Em casa onde não há pão todos ralham, ninguém tem razão, diz o povo que é sábio, e bem. Ralhar não é a solução. É preciso encontrar soluções para ter pão. Se as que nos propõem não servem, então que se procurem, que se indiquem outras. Mas, se não há (parece-me que não há, porque ainda não ouvi outra ... ouvi apenas aquilo que acham que é preciso fazer, mas isso é fácil, isso não é a solução, dizer que se deve apostar é no crescimento é de La Palice, o até o governo concorda, o que é preciso é dizer COMO e COM QUE DINHEIRO, onde o vão buscar) se não há, dizia, então é preciso, primeiro, assegurar o pão ainda que duro e simultaneamente procurar com urgência as soluções que teimam em não aparecer, de nada serve ralhar e incendiar…ou aliás, serve, mas apenas, a meu ver, a interesses que não são os nossos. Alguém anda a brincar com um fogo que não conhece e o que me preocupa não e que se queime, é que nos queime a todos. Espero muito, desejo muito, quero mesmo, não ter razão.